Segundo a Climate Bonds Initiative (CBI), ONG britânica que regulariza normas de práticas sustentáveis em vários setores da economia, a agricultura sustentável pode receber financiamentos de R$ 700 bilhões no Brasil até 2030 por meio da emissão de green bonds, também chamados de títulos verdes – títulos de renda fixa que buscam unir sustentabilidade com retorno financeiro. Através desse certificado, os produtores podem emitir certificações de dívidas garantindo ao investidor que suas práticas são sustentáveis.

Em entrevista ao Broadcast Agro, a coordenadora de Agricultura da CBI no Brasil, Leisa Cardoso de Souza, afirma que setores florestais, de agricultura, pecuária, logística e de bioenergia são os mais cotados a conquistar esses recursos nos próximos 10 anos. Segundo ela, no mundo, há por volta de US$ 1 trilhão de títulos verdes para todos os setores da economia e que o potencial para o agro brasileiro, em três anos, é de R$ 320 bilhões.

Para Cristiano Macedo, head comercial da Ecoagro, atualmente, os setores de energia, produção de grãos e de café são os mais propícios para o lançamento de green bonds por serem as esferas em que a legislação ambiental brasileira é mais rigorosa. “O produtor precisa, por exemplo, ter reserva de floresta na fazenda, tem de fazer o CAR (Cadastro Ambiental Rural), não pode desmatar até determinada porcentagem […] e apenas fazendo isso o produtor já teria condição de emitir um título verde”.

Para Charton Locks, diretor de Operações da Produzindo Certo, a ONG está organizando créditos baseados em títulos verdes com o objetivo de possibilitar aos produtores financiamentos no mercado até mesmo para quitar os serviços prestados à própria organização, uma vez que, apesar do potencial, o Brasil ainda tem uma atuação retraída no mercado de green bonds.

Fontes:

– Estadão